quinta-feira, 21 de junho de 2007

A eterna novela da crise aérea

Assistindo a mais um episódio da interminável crise aérea, me lembrei das horas que fiquei dentro de um avião em Campo Grande quando voltava da Bolívia. Motivo? Neblina. Com febre e dor de garganta, eu só pensava na frase de um estrangeiro entrevistado durante um dos capítulos do caos nos aeroportos.

- Ainda bem que aqui não neva, né?

Pois é, ainda bem! Se alguns nevoeiros e chuvinhas são capazes de fazer tanto estrago no sistema aéreo, não quero nem pensar em como seria esse país com problemas climáticos de verdade.

Cansada de esperar dentro do avião da Gol (que só serve barrinhas de cereal), perguntei a uma aeromoça se poderíamos descer da aeronave para, pelo menos, fazer uma refeição decente e ligar de um telefone público para avisar nossos familiares sobre o atraso.

- Ninguém pode descer, respondeu a aeromoça.
- Mas não temos refeição, nem como avisar nossos parentes sobre o atraso de três horas, argumentei.
- Mas aqui não é permitido descer.
- Esse vôo saiu às 5h da manhã de Santa Cruz, o que significa que todo mundo está acordado desde madrugada sem café-da-manhã. Ficaremos aqui sem alimentação até sabe Deus quando?
- Por lei, nenhuma empresa aérea é obrigada a providenciar alimentação e outros tipos de assistência se o atraso não superar quatro horas.

Fica aqui minha pergunta. Nesse caos operacional, alguém duvida que as empresas vão levando em banho maria com essa margem de quatro horas? A maioria dos atrasos, de fato, não passam de quatro horas? E por que, meu Deus, eu nunca vejo matéria alguma questionando essa prática?

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