Pedacinhos de cotidiano
Alguns fatos desta semanaEstive nesta semana na Santa Casa e não pude deixar de reparar no vai-e-vem de acompanhantes de pacientes com câncer. O movimento era intenso na recepção que separava a sala de espera do belo jardim de entrada. Lá fora, eles formavam rodinhas para fumar. É isso mesmo, testemunhas dos efeitos devastadores dessa doença tragavam, prazeirosamente, a fétida fumaça de nicotina na porta da unidade de oncologia. Vá entender...
Ainda falando em saúde, a edição deste ano do São Paulo Fashion Week resolveu mostrar preocupação com o assunto. Foi lançada uma cartilha com dicas de alimentação para modelos esquálidas. Tudo para evitar casos de anorexia, esse "estranho fenômeno" que as agências desconheciam (!!!) até a morte de uma garota de 1,70 de altura e 40 quilos. Uma prova de que tudo é possível com uma boa dose de marketing. Daqui a pouco o mundo fashion receberá a condecoração de guardião da saúde e bem-estar. Comovente!
Gostaria de entender o estranho mundo das portas giratórias de bancos. Ontem entrei em uma agência carregando os seguintes itens:
- 1 telefone celular
- 1 MP3 player
- 2 molhos de chaves
- 1 pesado porta-moedas
Empurrei vagarosamente a porta de vidro, à espera do ruído da trava. E nada! Em menos de cinco segundos, eu estava no interior do prédio, ainda um pouco reticente. Sentei em uma das cadeiras perto da gerência e fiquei observando o movimento. Uma loira carregando um guarda-chuvas foi o alvo seguinte do rebuscado sistema de segurança. E mais uma vez, nada!
Lá na calçada, vi uma senhora mulata se aproximando. Corpo franzino, cabeça baixa e uma sacola de papel em uma das mãos. Mal ela entrou naquela jeringonça, o mecanismo travou. Começou o interrogatório.
- A senhora tem chaves, moedas, celular, guarda-chuvas?
Do outro lado do vidro, olhos assustados e palavras sem som. No compartimento de produtos "suspeitos", apenas chaves e moedas.
- Fique atrás da faixa amarela e entre, ordenou o segurança.
A engrenagem novamente parou. Dessa vez, o olhar era de humilhação.
- O que mais a senhora tem na bolsa?
- Eu tenho uma marmita de plástico.
- Tem papel alumínio na marmita? Papel alumínio trava a porta, senhora!
Enquanto ela revirava a bolsa, algumas lágrimas insistiam em escapar dos olhos dela. Não sei como havia sido o dia daquela mulher, mas aquilo era mesmo a gota d'água.
Ainda estou tentando entender a lógica daquela parafernália. Tentando entender o funcionamento desse país. Como é que a gente se acostumou a viver assim?
6 Comentários:
g
Nao acredito que agora os anonimos podem postar! Tentei uma vez, mas não consegui (nao tenho blog) e não aceitava postagem de anonimos... Mas voce fala de assuntos que estão tão próximos da minha realidade e com os quais tenho muita afinidade que decidi que nao queria me calar e devia tentar mais uma vez. Felicidade a minha!
Sempre me faço essa pergunta: como nos acostumamos a viver assim? essa é a principal razão de eu estar me mudando... Parabens pelo blog!
Abraços!
Sara-RJ
Eu sempre me pergunto isso...
Sara
Existe uma opção meio escondidinha na configuração dos blogs que permite comentários de anônimos. O problema é que o blogger deixa pré configurado para que sejam aceitos comentários apenas de cadastrados. Felizmente me avisaram isso e eu mudei a configuração. Bom saber que vc gostou do blog. Abraços
Lucix
Gostou das arveres?
Que arveres?
Porque o meu outro comentario saiu como anonimo?
Como voce descobriu que fui eu, se esta como anonimo?
Quem sou eu?
Onde esta Wally?
Lucix
Além de milagreira, agora sou adivinha.
E respondendo: você é a Lucix e as arveres somos nozes!
Beijos
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