para o que tem sido veiculado nos noticiários, seria interessante dar uma lida no artigo do Edgard Rebouças sobre o caso RCTV. Para quem não sabe, o Chávez não renovou a concessão da TV mais vista da Venezuela e o sinal foi tirado do ar.
Só para esclarecer, o Rebouças é jornalista, doutor em Comunicação, professor da Universidade Federal de Pernambuco e membro da coordenação executiva da campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania", da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
A seguir, reproduzo um trecho do texto dele.
No caso da RCTV, o que mais foi dito é que seria fechada a emissora que se opõe ao governo Chávez. Só que a imprensa brasileira, sempre superficial, “se esqueceu” de apurar um pouco mais o histórico da “injustiçada” emissora. Pois, ao que consta, já em 1976, a RCTV foi tirada do ar por três dias por veicular notícias falsas; em 1980 ficou 36 horas fora do ar por causa de sua programação sensacionalista; em 1981, foram 24 horas de penalidade por exibir cenas pornográficas em horário inadequado; em 1989, mais 24 horas fora do ar por ferir a lei ao veicular publicidade de cigarro; e em 1991, teve um de seus programas humorísticos tirado do ar pela Corte Suprema por ridicularizar as pessoas.
Não bastassem todos esses problemas relativos ao conteúdo, há ainda os processos na Justiça por sonegação fiscal entre 1999 e 2003, e por veiculação dos discurso do almirante Molina Tamayo e dos generais Nestor Gonzáles e Guaicaipuro Lameda em favor do golpe militar de 11 de abril de 2002. Ambos os casos: enganar o fisco e incitar o povo a um golpe de Estado, são ações puníveis constitucionalmente em qualquer democracia do mundo; pior ainda se tratando de uma concessão pública como as emissoras de televisão. Vale lembrar que, bem ou mal, Hugo Chávez foi eleito e re-eleito nas urnas.
Outro ponto também não divulgado pela imprensa brasileira é que a não renovação da concessão foi apenas de uma das emissoras do grupo 1BC (1 Broadcasting Caracas), que continua operando com suas empresas de rádio, TV a cabo, internet e fonográficas. A falta de informação deve ser pelo fato de recebermos notícias da Venezuela por agências americanas, inglesas e francesas, ou por correspondentes brasileiros em Buenos Aires. Até pela proximidade geográfica, certamente jornalistas de Roraima teriam informações mais confiáveis.
Acabo de ler uma entrevista antiga do Antonio Abujamra que saiu na Caros Amigos. Sensacional! A seguir, um dos melhores trechos:
Caros Amigos - Você diz que o Brasil é uma merda. Você acha que sempre foi uma merda ou piorou? Como você vê esses últimos anos?
Antonio Abujamra - Desde que me conheço, só piora, cultura e educação só pioram. Aí dizem que o mundo vai assim, é mentira. Estive agora em Berlim, em Paris, em Lisboa, as coisas lá são realmente muito melhores. Fiz uma entrevista lá arrebentando com o Brasil, quase me mataram, dizendo que o Brasil é maravilhoso, é florido e tal, mas não é. Vocês, que são gutemberguianos, dão manchetes: "Cinqüenta milhões de indigentes". Vou procurar no Aurélio o que é "indigência", é pior do que pobreza, todos os jornais publicam isso e não acontece nada.
Mais acidez
A letra da música "Classe Média" é perfeita. Vejam!
Unhas que dificultam o manuseio Sapatos que atrapalham o passeio Penteados que prejudicam o asseio
Por que fingimos não ligar para...
Calças que bloqueiam a circulação Tecidos que impedem a transpiração Corpetes que reduzem a respiração
Por que será que a gente acha aceitável...
Saias que te causam constrangimento Horas e horas de esgotamento Novidades a base de muito sofrimento
Esta é uma bobagenzinha apenas para te lembrar que não eram apenas as mocinhas de antigamente que se apertavam dentro de espartilhos sufocantes. Todos os dias, cada uma de nós, em maior ou menor escala, se deixa levar pelos brincos pesados, pelas lingeries desconfortáveis e pelos obrigatórios cabelos lisos e escovados. É tanta piração que a gente limita os próprios movimentos em nome de uma ordem vigente de estética. Deixamos de sair ao vento para não desarrumar o cabelo. De mexer com plantas para não estragar as unhas. De andar pelas ruas por causa do sapato desconfortável.
Convenhamos: perder tudo isso em nome da vaidade é, no mínimo, esquisito, não acha?
sempre faz bem. Na verdade, muito ócio faz um bem danado para a vida. Areja, sacoleja, enche a mente de idéias. É assim que estou me sentindo hoje. Esperançosa como nos primeiros minutos de um ano novo. Feliz.
Com mais tempo disponível, posso voltar a resmungar neste blog.
Está na capa da Marie Claire deste mês
QUERO SER LOIRA 7 morenas realizam o sonho e contam como as suas vidas mudaram
Juro que não é piada, esse texto realmente está na versão brasileira daquela revista que adora repetir que chique é ser inteligente.
Quem me conhece sabe da minha insatisfação com as porcarias que vejo todos os dias nas bancas de jornais. Mas essa aí acima me deixou mais que insatisfeita. Fiquei paralisada alguns segundos. Já tinha lido muitas barbaridades em revistas femininas, mas essa foi insuperável.
Manhã de sexta-feira. Friozinho moderado, muita preguiça e uma vontade louca de que o dia acabe logo. Nas TVs, Papa, Papa e mais Papa. E na capa do Metro, amplo destaque para a vinda do Al Gore, "defensor do ambiente", como diz a manchete.
Será que um dia alguém poderia imaginar que horário eleitoral passaria nos cinemas e ainda seriam cobrados ingressos? Se você ainda não viu "Uma Verdade Inconveniente" sobre a incrível cruzada de Al Gore em defesa da natureza, não perca seu tempo. Eu nunca vi alguém se aproveitando de uma causa importante assim, tão descaradamente! Michael Jackson fazendo clipe na Rocinha perde feio!
O pior de tudo é que esse filme repleto de pieguice foi aclamado e premiado. O sujeito não traz nada de novo e não explica patavinas sobre como ajudar a preservar o meio ambiente, com exceção às dicas superficiais que sobem junto aos créditos finais. Taí um bom exemplo da picaretagem desses tempos de valorização da imagem. Sabe aquele colega de trabalho com cara de tenso que vive correndo pelo escritório e não faz p... nenhuma? Então, o cara é tão habilidoso para vender a imagem de comprometido que acaba sendo promovido. Pois é, igualzinho a esse Al Gore...