quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Fazer diferente

No começo, me sentia uma idosa. Em outros momentos, uma criança. Tudo porque tomei uma decisão aparentemente simples: usar o mouse com a mão esquerda. Nos primeiros dias, fechava as janelas quando queria apenas minimizá-las. Demorava para selecionar textos e me atrapalhava com os botões. Mas agora, um mês depois do início da experiência, me sinto voando.

Por que estou usando o mouse com a mão esquerda? Não, não me machuquei. O motivo foi uma entrevista que fiz com um terapeuta corporal. A pauta era sobre como evitar dores pelo corpo, especialmente no trabalho e na correria do dia-a-dia. A recomendação dele, resumidamente, foi a seguinte: não se mantenha no mesmo padrão corporal sempre. Um jeito sutil de dizer para não se acomodar em velhos hábitos.

Parece fácil, mas não é. Alterar movimentos corporais é mexer com a maneira de ver a vida. Talvez por isso as pessoas mais avessas a mudanças mantêm o despertador no mesmo lugar, os chinelos no cantinho de sempre e a escova de dentes ao alcance das mãos até quando estão de olhos fechados. Tudo muito, mas muito chato na minha humilde opinião.

Este relato pessoal é só para compartilhar um cisquinho das coisas que tenho aprendido nos últimos anos. Para falar que esse nosso insistente distanciamento em relação ao próprio corpo interfere profundamente no nosso comportamento. Parece simples e meio óbvio, eu sei. Mas conhecimento não significa sabedoria. Falar não quer dizer aplicar. E praticar isso, meus caros, é outra história.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Coisas que a gente só ouve quando vira tia - parte 2


Fazendo carinho na Carol, de 3 anos, para ela dormir.

- Tia, conta uma historinha!
- Qual historinha você quer?
- A do Pinóquio.


Ok, eu não me lembrava direito dos detalhes, mas fingi que sabia.

- Era uma vez um velhinho chamado Gepeto...

Enquanto enrolava, só pensava em entrar no google para pesquisar a trama sobre o boneco de pau que queria ser menino de verdade. Felizmente, a Carol me interrompeu perto da parte que eu não sabia.

- Tia, conta de novo?
- Claro. Era uma vez um velhinho chamado Gepeto...
- Ah, mas isso você já contou!
- Mas você me pediu para contar de novo. Então estou contando do começo.


(silêncio)

- Ah, tia, mas conta aquela parte em que o Pinóquio está na barriga da baleia...

Ok, essa era, justamente, a parte que eu não sabia.

- Conta você, Carol. Essa parte a tia não sabe.
- Tá bom. O Pinóquio vai parar na barriga de uma baleia graaaaaande...


Enquanto ela arregalava o olhos para me contar a parte mais horrorosa da história, eu me perguntava por que, diabos, a gente tenta ser um oráculo para as crianças. Não sei e pronto, oras!
Naquela noite, foi aquele pitoquinho de 3 anos que me ensinou. Aliás, perto dessas criaturinhas lindas, me sinto uma grande idiota.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Volta às aulas (1 mês antes)


Acabou a festa. Ainda não está o caos no trânsito de dezembro, mas a calma da semana passada já desapareceu. Por isso, eu e o Martim ressuscitamos, antecipadamente, o sentimento de volta às aulas. E a conclusão foi a seguinte: tirando o material escolar novinho em folha, para nós, aquelas primeiras semanas de fevereiro eram uma droga!

Sinto muito, mas não fazemos coro com aqueles que dizem morrer de saudades dos tempos de escola. Para mim, em especial, a vida escolar era apenas um mal necessário. Uma embromação que tomava mais da metade dos meus dias, entre ditados, cabeçalhos repetitivos, equações idiotas e muita bitolação.

Espero, de verdade, que nossos filhos tenham uma educação mais ampla e divertida. Que não precisem decorar coisas inúteis ou passar pelo sofrimento do vestibular. Que possam exercitar mais a imaginação e não precisem se contentar apenas com a mente fugindo para algum lugar fora da sala de aula.

A redenção de tantos anos de estudos chatinhos veio na faculdade. Foi aí que finalmente pude escolher o que queria estudar e fazer. E aí fiz um curso atrás do outro, sem ninguém me exigindo, pressionando ou checando meu boletim escolar. Sem tia Maroca enchendo o saco, nem crianças bestas me azucrinando no recreio.

Pode parecer estranho, mas não troco a vida profissional pelos tempos de escola. Não mesmo!
Ok, ok, sou esquisita mesmo...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Coisas que a gente só ouve quando vira tia


Mas você não acha que está muito grandinha para gostar de Vila Sésamo?

Do meu sobrinho Mauricio, de 9 anos, que questionava o meu gosto por programas infantis.

Pois é, Marta, pois é...

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Para começar 2008

Nada como lembrar de um momento feliz de 2007.


Meus pais fizeram um tour pela Europa pela primeira vez.


Foi um presente meu e dos meus irmãos pelos 40 anos de casados.

Este era um sonho antigo que nós tínhamos. Por isso, estou relembrando esse momento especial de nossas vidas. Porque, às vezes, a gente se esquece das coisas que dão certo, dos dias que não pegamos trânsito ou de quando não sentimos uma dorzinha sequer no corpo. A viagem dos meus pais foi algo que deu certo. E é disso que quero me lembrar sempre!

Em homenagem aos dois, a música tema do filme "Elsa & Fred", de Joan Manoel Serrat.



Hoy puede ser un gran día,
plantéatelo así,
aprovecharlo o que pase de largo,
depende en parte de ti.

Dale el día libre a la experiencia
para comenzar,
y recíbelo como si fuera
fiesta de guardar.

No consientas que se esfume,
asómate y consume la vida a granel.
hoy puede ser un gran día,
dúro con él.

Hoy puede ser un gran día
donde todo está por descubrir,
si lo empleas como el último
que te toca vivir.

Saca de paseo a tus instintos
y ventílalos al sol,
y no dosifiques los placeres,
si puedes, derróchalos.

Si la rutina te aplasta
dile que ya basta de mediocridad,
hoy puede ser un gran día
date una oportunidad.

Hoy puede ser un gran día
imposible de recuperar,
un ejemplar único,
no lo dejes escapar.

Que todo cuanto te rodea
lo han puesto para tí,
no lo míres desde la ventana
y siéntate al festín.

Pelea por lo que quieres
y no desesperes si algo no anda bien,
Hoy puede ser un gran día,
y mañana también!