Comprar roupas, um desafio
Para onde quer que se olhe, ela está sempre lá. A duplinha bata e legging veste adolescentes falantes, moçoilas vistosas e senhoras alegres. Está em escritórios, vitrines e corredores de supermercados. É disputada em saldões no Brás e em lojas de shopping.
Em meio a essa febre capinha-de-botijão- com-calça-de-balé, comprar roupas virou uma tarefa árdua. Nunca fui muito fã de compras, é verdade, mas agora esta atividade está ainda mais desgastante. Mesmo que não sejam, exatamente, batas com legging, quase todas as peças que encontro seguem cortes parecidos. São blusas compridas e esvoaçantes com calças agarradas. Para piorar, muitas delas têm estampas de cortina dos anos 70.
Eu bem que tentei renovar o meu guarda-roupa repleto de peças gastas de 2000 e 2001, mas achei melhor esperar esse furor com batas e túnicas passar. Foi assim com os vestidos trapézio e tamancos holandeses nos anos 90. Um dia, a moda felizmente passou e todo mundo escondeu as fotos daqueles tempos no fundo da gaveta. Daqui a pouco, todo mundo vai se desfazer das capinhas-de-botijão e correr para comprar a próxima porcaria que aparecer.
Eu não quero muita coisa. Só gostaria de ter a chance de escolher algo razoável para mim entre uma febre e outra. É pedir muito?
Impressões, notas e textos interessantes
Há dias que quero contar/publicar algumas coisas.
Impressão número 1Por que a gente sempre encontra brasileiro babaca quando viaja ao exterior?
Manhã de 28 de outubro. Entramos no elevador do hotel em Santiago e damos de cara com um casal de brasileiros.
- De onde vocês são? - pergunto.
- Ai, vocês são brasileiros! – exclama a moça. Graças a Deus, não agüento mais esse negócio de ouvir gracias, gracias!
Ficamos nos perguntando o que, diabos, aquela criatura estava fazendo no Chile?
Impressão número 2Ao ler a notícia abaixo que saiu no
Publimetro, finalmente entendi por que, um dia, me perguntaram se a Bolívia ficava perto do Japão.
77% dos brasileiros não acham São Paulo no mapa
Só 23% dos brasileiros conseguem localizar o Estado de São Paulo
dentro do mapa do país, revela levantamento da empresa de pesquisas
Ipsos com mil pessoas. E metade da população é incapaz de apontar o Brasil em um mapa-múndi – 5% apontam Argentina, República Democrática do Congo ou Chade como se fossem o país onde vivem.Não, não estou surpresa. Apenas arrasada com o nível de educação no Brasil. Principalmente agora que voltei do Chile.
Nota número 1 – sobre carne vermelhaNo dia
15 de outubro, no Blog Action Day, mencionei os malefícios da carne vermelha. Curiosamente, dias depois, recebi um e-mail de uma amiga que mora na França e é especialista em assuntos ambientais. Vejam só o que dizia a mensagem dela.
No Brasil, em média, um quilo de carne bovina é responsável por 10 mil
metros quadrados de floresta desmatada.
Os 75 milhões de hectares já transformados em pasto, só na Amazônia, representam uma área 50% superior a toda área agrícola do Brasil
Uma fazenda com 5 mil bovinos produz a mesma quantidade de excrementos de uma cidade com 50 mil habitantes, com a diferença de que, nas cidades, o esgoto é minimamente tratado. Nas fazendas, não.
Nos Estados Unidos, metade de toda a energia usada na agricultura é
gasta apenas na criação de gado.
A criação de animais é responsável por 18% e 25% das emissões mundiais de dióxido de carbono e metano, respectivamente. Esses gases são os principais causadores do aquecimento global.
É possível alimentar 40 pessoas com os cereais normalmente usados para gerar apenas 225 g de carne bovina.
Mais informações em http://svb.org.br/vegetarianismo/downloads/livros/index.php.
Só para esclarecer: não, não sou vegetariana. Mas acho que é perfeitamente possível reduzir muito o consumo de carne vermelha. Para mim, essa combinação de arroz, feijão e bife é, no mínimo, falta de imaginação!
Nota número 2 – sobre felinos carentes
Minha amiga Bia Levischi tem um blog sobre adoção de gatos abandonados à própria sorte. Quem se interessar, acesse http://gatoca.blogspot.com.
Texto – sobre o mundo corporativo
Termino este longo post reproduzindo uma fábula interessante sobre o detestável mundo corporativo. Tão realista, mas tão realista que merece ser lida e relida.
Todos os dias, uma formiga chegava cedinho ao escritório e pegava duro
no trabalho.
A formiga era produtiva e feliz.
O gerente marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão.
Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse
supervisionada.
E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita
experiência, como supervisora.
A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de
entrada e saída da formiga.
Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os
relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e
controlar as ligações telefônicas.
O marimbondo ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também
gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em
reuniões.
A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com
impressora colorida.
Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela
movimentação de papéis e reuniões!
O marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para
a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava. O cargo foi dado a
uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma
cadeira especial.
A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma
assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a
preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento
para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e
cada dia se tornava mais chateada.
A cigarra, então, convenceu o gerente marimbondo, que era preciso fazer
um estudo de clima.
Mas, o marimbondo, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na
qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja,
uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um
diagnóstico da situação.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso
relatório, com vários volumes que concluía : Há muita gente nestaempresa!!
E adivinha quem o marimbondo mandou demitir?
A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.
Dias felizes
Quase um mês depois, resolvi dar as caras aqui no blog. As últimas semanas foram lotadas e bem felizes. Dias de famílias reunidas, beijos calorosos e muito amor. Dias de expectativa, comidinhas gostosas e cheiro de novidade. Era como o último capítulo da novela das oito: pessoas queridas reunidas, grandes surpresas, cenas memoráveis e muitas lágrimas.
Para completar, estivemos no Chile na semana passada. Na volta, ao conversar com o Mario, um grande amigo chileno que conhecemos no Canadá, eu disse: estou apaixonada pelo seu país! Ele riu. No fundo, ele deve saber que isto seria inevitável. O país dele é realmente incrível!
Foram poucos dias entre Santiago, Puerto Montt, Puerto Varas, Chiloe, Frutillar, Petrohue e o vulcão Osorno. Serviu para abrir o nosso apetite e lembrar que, sim, eu e o Martim somos feitos de movimento.
Nada como sair por uns dias do massacrante cotidiano paulistano e relembrar dos nossos sonhos! Estamos em ritmo de ano novo e ainda faltam 54 dias para a virada para 2008. Refazendo planos, mudando padrões e pisando fundo. Depois de grandes eventos, parece que a vida flui melhor.