Não paro de pensar neste trecho
É da música "Logo", do Kevin Johansen. Perfeito para aqueles que falam de sustentabilidade, mas não resistem a uma liquidação.
Compre todo ahora porque ahora ya es mañana
Y mañana ya va a ser pasado
Si no compra todo, seguro lo compra otro
Y despues, seguro se lamentará
Todo "on sale", aproveche que sale temprano
Y sin más demora
Sino compra ahora, va a caer en bancarrota
Espiritual, Intelectual y Emocional!
Pie detrás de pie...
no hay otra manera de caminar...Quando me impaciento, penso nessa frase. Ela está na letra de "12 Segundos de Oscuridad" do Jorge Drexler (pra variar). É óbvia sim, mas duríssima para aqueles momentos em que tudo que a gente quer da vida é uma resposta.
No fundo, no fundo, a gente quer que tudo funcione no nosso tempo, como na infância.
- Tá chegando, pai?
- Não, filha.
- Falta muito?
- Falta, filha. Dorme, vai...Há dias que me sinto uma menina birrenta. Que quer que o documento do cartório fique pronto a-go-ra! Que se impacienta com as minúcias de processos longos. Que gostaria de ter o controle das coisas e fazer a vida caminhar do jeitinho esperado.
Claro que as coisas não funcionam assim mas, para uma criança, é fácil explicar isso.
"Filha, está longe porque faltam 480 quilômetros. Chegaremos lá umas cinco da tarde."Quando a gente cresce, quase nunca há respostas. Ninguém sabe dizer por que um papel carimbado pode demorar 30 dias para sair ou por que o quadro clínico de alguém que a gente ama, de repente, muda. Mesmo assim, a gente quer oráculos. E que ainda funcione na nossa velocidade.
Sim, é isso mesmo. Você, eu, todos nós, às vezes, nos comportamos como minha sobrinha de 3 anos.
De bem
Um ano e meio depois da volta ao Brasil, ainda me pego com sensações de uma recém-chegada. Quando entro no sacolão perto de casa e vejo aquela incrível quantidade de frutas sobre as bancadas, sinto uma alegria profunda. Aquela profusão de cheiros e cores me seduz e traz a percepção de que, felizmente, existe algo de bom na vida paulistana.
Já escrevi muitas vezes sobre a dor da readaptação depois de um longo período fora. O que era feio, aos meus olhos, tornou-se insuportavelmente agressivo na volta. Crianças carentes nas esquinas podiam me levar às lágrimas. Congestionamentos me desesperavam como nunca e o cheiro da cidade embrulhava o meu estômago.
Por outro lado, a vida na fronteira potencializou sensações agradáveis. Aquilo que era bonito antes da viagem transformou-se em algo incrivelmente lindo. As belas árvores e plantas que persistem em meio à degradação de São Paulo me fazem sorrir. As flores que se abrem na janela de casa e o cheirinho de mato depois da chuva me enchem de esperança. Acho que a tempestade, finalmente, está ficando para trás.