sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Mamãe, eu quero ser a Bebel

Apesar de não assistir às novelas da Globo, eu vivo neste planeta. Por este motivo, sei que a grande questão do momento é o que vai acontecer com uma prostituta golpista chamada Bebel que está na trama exibida por volta das 21h.

Outro dia, ouvi o seguinte diálogo entre duas mulheres.

- Olha só que gracinha: minha filha quer ser a Bebel.
- Quantos anos ela tem?
- Quatro.
- Que fofa!
- Pois é, ela me disse que a Bebel é linda e que quer ser como ela.

Nenhum problema com crianças ingênuas que não sabem o que significa prostituta, muito menos golpista. Mas ainda tô passada com aquela mãe orgulhosa da filhinha que queria ser uma personagem pilantra de mais uma porcaria global.

Falando em estupidez humana, outro dia soube que a festa de aniversário da filhinha da Xuxa teve baile funk. Demorei para processar a informação. Fiquei imaginando um monte de adultas anãs descendo até o chão.

Ok, ok, eu realmente tô ficando velha...

domingo, 23 de setembro de 2007

A maldita culpa feminina

Está no Publimetro de sexta-feira, dia 21 de setembro.

DE CADA 100 MÃES brasileiras, 71% se revelaram dispostas a sacrificar o bolso para comprar os produtos que os filhos querem. É o que revela estudo feito pela consultoria TNS com 2.000 mães de crianças entre três e nove anos da Argentina,
Brasil, México, Chi - na, Japão, Malásia e Tailândia.


Quer mais paranóia? Então leia isso (também do Publimetro).

O CORPO É o mais importante capital na cultura brasileira, segundo pesquisa da antropóloga social Mirian Goldenberg, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ao questionar o que as pessoas "invejam" umas das outras, o corpo apareceu em todas as respostas.

Agora vamos a alguns fatos publicados na mesma matéria.

• Mulher brasileira é líder no mundo no consumo de remédios para emagrecer e moderador de apetite
• 63% das brasileiras querem fazer plástica, contra 25% das norteamericanas
• Brasil é o maior consumidor de tintura loira do mundo
• País é o segundo maior consumidor de cirurgia plástica do mundo


Agora dá para entender por que eu tenho horror à maioria das revistas e programas femininos? Claro que essa cobrança toda não se restringe às mulheres, mas é inegável o fato de que ela é muito mais forte com pessoas do sexo feminino.

Ficam aqui algumas perguntas. Por que essa cobrança toda em cima das mulheres ganha tanta força? Estão exigindo demais da gente? Ou é a gente que se exige?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Overdose de bobagens

Você já reparou como todo mundo agora preza a sustentabilidade? Redes de fast-food se mostram focadas no equilíbrio alimentar e no bem estar das pessoas. Empresas de celulose, mineração e produtos químicos se dizem preocupadíssimas com o verde e gestões ecoeficientes. Até os bancos, veja só você, fazem pose de socialmente responsáveis. Arrancam o seu couro, enriquecem às custas de taxas extorsivas e se dizem benevolentes com imagens de meia dúzia de criancinhas carentes em seus relatórios anuais.



Os mais otimistas diriam assim: pelo menos, alguma coisa está mudando na visão destas empresas. É verdade, antigamente, elas nem se davam o trabalho de passar esse verniz de preocupação social sobre as suas atividades. Poluíam e pronto. Enfiavam mil quilos de gordura na comida e tudo bem. Extorquiam o trabalhador sem fazer cara de bom velhinho.

O que me chama atenção agora é que um discursinho bonito aqui e uma açãozinha social acolá já resolvem tudo. E dá-lhe aplausos e premiações regadas a champanhe num hotel reluzente. Não vejo questionamento, nem mesmo por parte de muitos jornalistas especializados no assunto. Muitos deles vivem do patrocínio concedido, justamente, pelas empresas que menos respeitam os princípios básicos de sustentabilidade. E assim vão levando. Como não podem gritar, o jeito é sussurrar.

E o que você tem a ver com tudo isso? Sei lá. Mas parar de se deslumbrar com toda e qualquer ação social que uma empresa faz já é um bom começo.

domingo, 16 de setembro de 2007

A síndrome do final de domingo

As paredes de casa vão se apagando aos poucos. Aperto o botão do interruptor, enquanto penso na quantidade de coisas que quero fazer nas últimas horas de domingo. Cortar as unhas, molhar as plantas, ligar para algumas pessoas, pesquisar aquele negócio na internet, tomar banho, preparar minha mochila para amanhã, dar uma olhada naquele texto e, quem sabe, assistir aquele documentário que vai passar na TV.

Executo as tarefas como se corresse numa pista com obstáculos. "Cortei as unhas, legal! Agora é hora de molhar as plantas." E lá vou eu, andando pela casa com um check-list absurdo na cabeça. Penso na Maria Bethânia, que, certa vez, disse não gostar da melancolia de um final de tarde. Eu também detesto, principalmente aos domingos.

Cansada, me deito na cama e lamento a fugacidade das 48 horas de um final de semana. Penso em tudo que não deu tempo de fazer, no filme que gostaria de ter visto, nos amigos que queria ter visitado, nas horas que adoraria viver ao lado dos meus sobrinhos. Suspiro. E torço para a semana passar rápido.

Durante a semana, tudo de novo. Começo a programar dezenas de coisas para sábado e domingo. Ir ao supermercado, lavar roupa, cozinhar, me depilar, levar umas roupas na costureira, passar no aniversário de fulano, almoçar na casa de sicrano, fazer aquele frila, pesquisar cursos e, quem sabe, tentar relaxar.

Preciso dizer como vou me sentir nas últimas horas que antecedem a segunda-feira?

Felizmente, a síndrome do final de domingo está ficando cada vez mais amena comigo. Porque, em vez de girar nesse carrossel inútil de lamentos, fui tentar entender, o que diabos, está acontecendo comigo. Por que fico exausta e, ainda assim, me sinto distante das coisas que gostaria de estar fazendo?

O caminho para entender tudo isto é longo, mas alguns cursos, conversas e livros estão sendo fundamentais para criar o modelo de vida que quero para mim. Um dos responsáveis por essa mudança foi um primero e leve contato com as idéias do filósofo francês Gilles Lipovetsky em "A Era do Vazio: ensaios sobre o individualismo contemporâneo". Outro livro interessante é "Devagar", do escocês Carl Honoré. Didático e repleto de exemplos do dia-a-dia, o texto aborda essa correria sem sentido que nos leva à exaustão. Reproduzo um trecho, da página 64.

"Em nossa cultura super excitada e obcecada por rapidez, levar uma vida completamente turbinada ainda é o troféu mais cobiçado. Quando as pessoas se queixam, 'Puxa vida, estou tão ocupado, minhas pernas nem dão mais conta, minha vida é uma droga, não tenho tempo para nada', muitas vezes, o que estão querendo dizer, na realidade, é 'Olhe só para mim: veja só como sou incrivelmente importante, atraente e cheio de vida.'

Pois é, faz tempo que me cansei disso. Inércia, definitivamente, não é para mim.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Teste de personalidade

Você também adorava preencher aqueles testes engraçados de revistas? Este aqui é interessante, apesar do texto tosco.

Não sou muito favorável a testes, mas este é baseado em um modelo bem conhecido entre psicólogos.

Certeiro e irresistível!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

24 horas depois





O Martim diz que foi um ato de bravura. Não sei. Acho que apenas deixei fluir. Sempre que me livro da sufocante racionalidade, o universo parece conspirar a favor dos meus desejos. E foi assim que pude entregar o CD do nosso amigo Mario ao Jorge Drexler. Movida pelo impulso.

Foram poucos segundos. Não sei como cheguei à beira do palco no momento dos aplausos. Mas de repente eu estava lá, vendo o sorriso dele em minha direção. Dois beijos carinhosos, um "gracias" abafado pelas palmas e pronto, as oito faixas compostas por um chileno de Valparaíso estavam nas mãos de um uruguaio de Montevidéu.

Um dia depois, as lembranças que tenho são minhas mãos geladas, as pernas trêmulas e o forte abraço do Martim. Ele sabia o quanto aquilo foi difícil para mim. Sabia o quanto aquela noite era importante para nós.



Sobre o show

É verdade, sou um pouco suspeita para falar sobre a apresentação do Jorge Drexler. Em vez de me desmanchar aqui, tentarei (juro) ser concisa.

  • Ele tocou 19 músicas, mas faltaram umas 50;
  • A voz dele ao vivo é linda;
  • No palco, ele é uma das pessoas mais adoráveis que já vimos;
  • O português dele é ótimo;
  • Ele tinha tanta presença de palco, que quase me esqueci que ele estava sozinho;
  • Os efeitos usados durante o show foram muito bons;
  • Foi uma pena ele não ter tocado "Al Otro Lado Del Río" com o violão;
  • Perdoem-me, mas espanhol é, sem dúvida, a língua mais linda deste planeta.

    Para finalizar, reproduzo uma frase dela numa matéria que saiu na Folha:

    "Eu sou uma pessoa que sempre sentiu saudades na vida. Deixei o Uruguai há muitos anos para viver na Espanha, voltei, depois continuei viajando muito. Estou sempre longe de alguém querido. Isso vai estar sempre na minha música."

    Deu para entender porque ele é a minha inspiração neste blog?

  • terça-feira, 4 de setembro de 2007

    Hoje é o dia!

    Dia de ver Jorge Drexler ao vivo. Abaixo, o clipe e a letra de "Hermana Duda", do último CD "12 Segundos de Oscuridad".



    Hermana duda (Jorge Drexler)
    México DF, 14/10/04

    No tengo a quien rezarle
    pidiendo luz,
    Ando tanteando el espacio a ciegas

    No me malinterpreten
    no estoy quejándome,
    soy jardinero de mis dilemas

    Hermana duda,
    pasaran los años
    cambiarán las modas
    vendrán otras guerras
    perderán los mismos
    y ojalá que tu
    sigas teniéndome a tiro.

    Pero esta noche,
    hermana duda
    hermana duda,
    dame un respiro.

    No tengo a quien culpar que no sea yo
    con mi reguero
    de cabos sueltos

    No me malinterpreten,
    lo llevo bien,
    o por lo menos hago el intento.

    Hermana duda,
    pasarán los discos
    subirán las aguas
    cambiarán las crisis,
    pagarán los mismos
    y ojalá que tu
    sigas mordiendo mi lengua.

    Pero esta noche,
    hermana duda
    hermana duda,
    dame una tregua.

    domingo, 2 de setembro de 2007

    Imagens que ficarão para sempre


    Encontro de abuelas: Alcira, 90 anos e Lucília, 85 anos.


    Mi abuelita y el mar.


    O grande dia!